[Covid-19 em Lares] Portugal vai seguir os passos de Espanha?

Por Susana Pedro , 25 de Março de 2020 Notícias

António Costa revelou ontem que o Governo reuniu com o terceiro setor, discutindo, entre outras medidas, a possibilidade de as Forças Armadas higienizarem as instituições de apoio à terceira idade com casos positivos de coronavírus.


Já ouvimos, em algumas notícias, informação de que as Forças Armadas foram chamadas a atuar em contexto de crise. Pensamos sempre em guerra armada, em greves e manifestações que descarrilaram em desacatos físicos, mas não é só nessas ocasiões que eles atuam.


Ora vejamos o caso de Espanha, em alerta máximo devido à situação da Covid-19.



Os lares de idosos espanhóis foram muito afetados


Em Espanha, o escalar da situação de emergência foi muito rápido. Um grande polo de infetados foi Madrid, comunidade com a maior densidade populacional, que explica grande contágio cruzado.


Nos últimos dias, houve várias notícias a dar conta de muitos infetados em lares de idosos. 



Dia 17, deparámo-nos com notícias de um lar espanhol que teria enviado apenas dois idosos infetados para o hospital, que acabaram por falecer lá, e tendo falecido nas instalações do próprio lar mais 15 idosos na mesma semana, com suspeitas de Covid-19. Esta situação levou a uma investigação por parte das entidades espanholas competentes.


Os lares de idosos nestas situações multiplicaram-se, havendo cada vez mais relatos de casos onde os infetados com Covid-19 não foram identificados a tempo e acabaram por infetar outros utentes e colaboradores do mesmo lar.



Há fuga de profissionais para suas casas com medo


Após esta tragédia se tornar mais frequente do que deveria, com casos repetidos em vários lares de idosos da capital espanhola, os hospitais foram instruídos no sentido de apoiarem estas instituições mais a fundo. Os colaboradores que testaram positivo foram orientados no sentido de fazer isolamento profilático, em suas casas.



Enquanto as medidas de Estado de Emergência se tornavam mais apertadas, o medo por parte das famílias e dos colaboradores, mesmo os que não tinham testes positivos ao coronavírus, foi crescendo. 



Com as medidas de apoio à família, como em Portugal, muitas assistentes geriátricas foram ficando em casa de baixa. Aos poucos, a situação foi-se tornando insustentável, com equipas cada vez menores para fazer face ao cuidar dos idosos, que com as medidas de segurança da OMS acaba por ser ainda mais exigente.



O Exército descobriu uma realidade assustadora


Com a redução drástica de assistentes geriátricas pelos lares espanhóis a juntar ao ponto de rutura dos serviços funerários, houve uma quebra na qualidade do serviço prestado. O Exército foi mobilizado e encontrou uma realidade grotesca em vários lares. Vários idosos jaziam abandonados pelas camas da instituição, alguns vivos e outros mortos, sem qualquer tipo de apoio ou cuidado. 



O protocolo espanhol determina que, quando se suspeita de morte por Covid-19, os cadáveres não sejam movidos enquanto não chegar a funerária, com profissionais devidamente protegidos. 



Assim sendo, e tendo em conta que a maioria dos quartos em lares de idosos são duplos ou triplos, há idosos que têm por vezes de partilhar quartos com pessoas falecidas durante algumas horas.


Esta situação foi comunicada pelos órgãos de comunicação social, com os quais a ministra da Defesa espanhola, Margarita Robles, também falou. Foi assegurado que seriam tomadas medidas legais contra todos os que «não cumprirem as suas obrigações» com as pessoas pertencentes ao grupo de maior risco.



Foram tomadas novas medidas pelo Estado, mesmo em instituições privadas


A Unidade Militar de Emergência (UME) espanhola encontra-se a realizar trabalhos de socorro em Madrid desde o fim-de-semana passado, procurando conter a subida de casos confirmados de Covid-19. As funções desta unidade militar tratam-se, sobretudo, de trabalhos de desinfeção da via pública. 



O Governo concedeu autorização ao exército para fazer revistas preventivas em residências e lares de idosos.



Até ontem ao final do dia, as Forças Armadas espanholas já inspecionaram e desinfetaram mais de 310 lares de idosos em vários pontos de Espanha, segundo o Ministério da Defesa espanhol.


As comunidades autónomas (forma como se encontra dividida Espanha) foram instruídas pelo presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, a assumir o controlo de todos os lares privados. A contratação de assistentes geriátricas já foi mais flexibilizada, num Acordo do Conselho Territorial de Serviços Sociais, sendo que é possível contratar qualquer profissional que tenha apenas algumas das competências necessárias para cuidar de idosos.



Comunidades autónomas assumem o controlo dos lares privados


As comunidades autónomas (forma como se encontra dividida Espanha) foram instruídas pelo presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, a assumir o controlo de todos os lares privados.


Podem transferir idosos, assim como designar um funcionário público para dirigir e coordenar a assistência na instituição, caso haja infetados.



Ontem, no Boletim Oficial do Estado, foram determinadas medidas novas para os lares de idosos, incluindo os privados.  Algumas, como é o caso da proibição de fecho de instituições, já foram tomadas também pelo Governo português, mas há outras que são novas, como a inspeção sanitária a todos os lares de idosos de Espanha, vistoria essa aleatória e sem aviso. 


As comunidades autónomas ficam, a partir deste boletim, responsáveis por intervenção direta nas instituições. Podem determinar a transferência de um idoso de um lar público para um privado, ou vice-versa, caso achem necessário. As comunidades autónomas podem ainda designar um funcionário público para dirigir e coordenar a assistência a uma instituição, caso haja infetados.



Também os hospitais privados têm sido requisitados para trabalhar ao serviço do serviço nacional de saúde espanhol. 



Todos os profissionais de saúde, incluindo estudantes dos últimos anos de Medicina, foram chamados a ajudar. O objetivo do Governo espanhol é ter ao seu lado todos os recursos a nível de materiais, profissionais e estruturas de saúde para fazer face ao surto de Covid-19, que já vitimou mais pessoas em Espanha que na China.



Poderá acontecer o mesmo em Portugal?


​Como está a acontecer no país vizinho, também em Portugal os números de infetados e falecidos está em constante crescimento. Felizmente, e graças a algumas medidas que os nossos dirigentes tomaram relativamente cedo, os números não se assemelham aos espanhóis. No entanto, é necessário perceber que ainda estamos numa fase inicial da pandemia, e que os números de infetados tendem a subir nos próximos tempos.



Caso haja necessidade comprovada, é muito possível que o Governo português também apele aos privados para tentar conter o surto de Covid-19.



Uma indicação deste caminho foi a revelação de ontem do Primeiro-Ministro, António Costa, de que as Forças Armadas já estariam a intervir em aspetos de higienização de algumas instituições de apoio à terceira idade. Como assistimos em Espanha, onde este foi o primeiro passo.


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