O sexo e o amor na terceira idade

Por Ana Palma , 05 de Fevereiro de 2019 Envelhecimento


Seremos, em algum momento, no percurso das nossas vidas, demasiado velhos para amarmos e vivenciarmos a nossa sexualidade?

De facto, a sexualidade entre os idosos está envolta numa neblina de ideias pré-concebidas e pouco ou nada sobre ela se fala. Contudo, o amor entre os mais seniores acontece. Por este motivo, decidimos dedicar este artigo à temática do amor e sexo na terceira idade e afastar qualquer mácula ou tabu sobre este assunto que, no fundo, é, ou poderá vir a ser, transversal a todos nós.

Ao longo de  vários artigostemos vindo a iluminar as modificações ao nível da sociedade no que respeita ao envelhecimento progressivo da população. Embora caminhemos para uma sociedade mais envelhecida, a juventude continua a ser o epítome da beleza e, por comparação, associamos o envelhecimento à perda gradual desta característica. Ora, estando a beleza associada à atração física, é fácil instalar uma dialética entre o envelhecimento e a perda de interesse e ou atração sexual.



A importância da sexualidade  

A sexualidade assume um papel fundamental na vida dos seres humanos. A dádiva da intimidade auxilia na criação de laços fortes e é uma avalização do amor entre duas pessoas. Para além disto, ela é essencial à progressão da vida humana, motivo pelo qual a encontramos, de modo transversal, em todas as culturas. 

​A sexualidade é uma componente importante na equação da qualidade de vida do ser humano, e este pode manter-se sexualmente ativo durante a terceira idade. Aliás, sendo um prolongamento da manifestação de afeto, ela deverá ser encarada como algo não só natural como benéfico. O sexo e o amor não se esgotam no envelhecimento e, dada a sua importância para a estabilidade emocional do ser humano, em qualquer estádio da sua evolução social, psicológica ou biológica, estes devem ser libertos de qualquer sentimento que leve à culpa ou vergonha.

Conscientes da importância de continuar a vivenciar a sua vida sexual, os seniores têm vindo a procurar ajuda e tratamentos que possam prolongar a sua capacidade de se relacionar intimamente e tirar prazer disso.


É também necessário relembrar que sexo não começa e termina no coito. De facto, existem alguns fatores que podem atuar enquanto condicionantes: o estado físico ou mental da pessoa idosa, medicação que pode atuar como inibidora do desejo ou a ideia de que a sociedade pode agir enquanto figura condenatória.

É importante reconhecer que a partilha da intimidade ajuda o idoso a reposicionar-se socialmente e a sentir-se mais amado e menos isolado.



A sexualidade no idoso institucionalizado

Ainda que o idoso continue a sentir necessidade de vivenciar a sua vida sexual, quando há lugar à sua institucionalização esta é, em muitos casos, refreada. A verdade é que, dada a complexidade da temática e do facto de não ser abertamente debatida e encarada pela sociedade, as residências sénior não parecem estar preparadas para isto. Mais do que nos focarmos no estado atual desta situação, o que queremos, com este artigo, é refletir no que podem as instituições fazer em relação a algo tão natural e prazeroso como a sexualidade e o prolongamento do afeto entre dois seres humanos.



É necessário haver quartos com camas de casal

Assim, é aconselhável que as residências tenham disponibilidade, ao nível das suas estruturas físicas, para acolher casais. A existência de quartos com camas de casal deverá ser uma das primeiras medidas a adotar. Como qualquer casal que queira e necessite de vivenciar em pleno a sua intimidade sexual, é necessário um espaço reservado para o efeito. Um espaço na residência sénior que beba dessa privacidade e em que esta seja não só respeitada como incentivada.



É preciso dar formação adequada a quem cuida

Para além disto, é necessário que aqueles que zelam pelo cuidado da pessoa idosa, e em quem esta aprendeu a confiar a manutenção do seu bem-estar, tenha empatia e reconheça, de um modo até pedagógico, esta necessidade. Por este motivo, treinar e formar os cuidadores para a sexualidade na pessoa idosa é outro elemento fundamental. Isto será um veículo facilitador do diálogo entre o cuidador da residência e o idoso, e um reforço da confiança que irá permitir o melhor apoio, consideração e aconselhamento possíveis.

É importante que o idoso veja a residência sénior como o seu lar e vivencie um ambiente que se torne gradualmente familiar e onde ele consiga perceber que não deve sentir-se culpado por desejar e amar.


Tornam-se necessários estudos sobre esta temática, o debate franco e aberto sobre a sexualidade na pessoa idosa e, em sintonia, a formação de quem cuida e adequação estrutural das residências sénior para que o sexo e o amor entre idosos sejam recebidos com toda a naturalidade.



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