Estudantes e idosos unem-se através de panquecas

Por Susana Pedro , 05 de Março de 2019 Notícias


O que podem uma associação de estudantes e uma casa de repouso ter em comum? Nada, poderíamos dizer. Mas há uma coisa que une todas as gerações - panquecas.


O cheiro de manteiga derretida emana das frigideiras quentes, enquanto dezenas de moradores de De Pelster, uma casa de repouso em Pelsterstraat (nos Países Baixos), tomam os seus lugares na espaçosa sala de jantar. Com água na boca, esperam para mergulhar numa pilha de panquecas confeccionadas por voluntários do SIB, a maior organização internacional de estudantes da cidade, com sede a poucos metros da casa de repouso.
«Queremos que os nossos membros saiam da sua bolha de estudantes internacionais e vivenciem a natureza multifacetada da verdadeira Groningen e dos seus residentes», diz Kristan Otten, pertencente ao conselho do SIB, um dos principais organizadores do evento de voluntariado. «E o que é mais fácil e mais holandês que panquecas?»


Futura casa

A estudante de relações internacionais Nina, da Alemanha, ajuda um morador a colocar açúcar e xarope enquanto tenta conversar em holandês. «Desta forma, posso aprender algo novo do país», explica. Nina acha que os estudantes estrangeiros podem perder muitas coisas se não fizerem um esforço para falar pelo menos o holandês básico.

Kristan está ciente de que algumas associações estudantis possam ter má reputação na cidade, mas queria provar aos seus vizinhos que nem todos os estudantes são «bêbedos barulhentos. Nós também podemos ser fofos

A estudante de artes liberais Anne Roos ri alto quando deixa cair uma panqueca no chão, numa tentativa desesperada de abri-la. Ao lado dela está Florentina, que aos 25 anos é o membro ativo mais velho da SIB. «Eu vim avaliar a minha futura casa», diz brincando. Florentina sempre quis conhecer melhor os seus vizinhos. «E agora podemos finalmente fazer isso



Gezellig’*

Jenny (de 72 anos) usa um elegante lenço vermelho e conversa informalmente com um voluntário. «É bom conversar com os jovens. Eles trazem de volta memórias da minha infância», diz em inglês fluente. A ex-médica achou que não era possível discutir política ou cultura com a juventude de hoje. «Mas eu estava errada. Estas são pessoas boas e inteligentes.»

O zelador e coordenador de Pelster, Dieneke Schipper, alegra-se com os rostos felizes ao seu redor. «Este trabalho é a minha vida. Quando a SIB me apresentou este evento, não pude dizer não», diz Dieneke, também conhecida como ‘a dama de entretenimento’ entre os residentes. Ela acha que noites assim ajudam os residentes da casa de repouso a distanciarem-se das suas rotinas diárias e dar-lhes oportunidade de acompanhar uma geração diferente.
O refeitório começa a esvaziar enquanto os residentes rejuvenescidos e sorridentes se dirigem aos seus quartos. Entre apertos de mão e pratos limpos, o riso enche o ar. Uma senhora numa cadeira de rodas pára em frente a Dieneke. Sorrindo de orelha a orelha, bate no ombro de Dieneke e diz: «Gezellig!» (*palavra holandesa, sem tradução literal, que pode significar confortável, acolhedor, agradável, relaxante, amigável).

Jovens confeccionam panquecas para partilhar com os idosos de De Pelster
Fonte: Plataforma de notícias Ukrant



A interação entre gerações diferentes nem sempre é muito incentivada, principalmente entre pessoas que não partilham laços familiares. No entanto, iniciativas como esta, em jeito de voluntariado social, começam a florescer um pouco por toda a parte.

Os idosos, particularmente os institucionalizados, infelizmente acabam por se sentir postos de parte em relação à sociedade. Por outro lado, os estudantes internacionais, por se encontrarem fora da sua zona de conforto, têm também um distanciamento em relação à comunidade e cultura locais. Assim sendo, acaba por ser uma relação benéfica para ambos os grupos.

É enternecedora a troca de afectos e histórias entre idosos e estudantes, que aparentemente nada têm em comum, mas no final da refeição saem com um novo brilho nos olhos.


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