5 Dicas para evitar o trauma na ida para o lar de idosos

Por Catarina Bouca , 17 de Setembro de 2019 Lares e Residências


​A ida de um familiar para um lar de idosos é sempre uma experiência repleta de sentimentos, tanto para o próprio idoso como para a sua família. Existem medos, ansiedades, expectativas, e há uma forte conotação fatalista neste passo. No entanto, existem formas de minimizar esse impacto e de diminuir o possível trauma a ele associado.

Mudar faz parte da vida e, quase sempre, é um processo difícil. Todos nós passamos por momentos de transição que nos trazem sentimentos de luto e de medo. Isto porque, quando partimos para algo novo, sentimos receio do desconhecido, além de sermos obrigados a deixar para trás um conjunto de recordações, hábitos e rotinas.

No caso dos idosos, as mudanças tornam-se ainda mais difíceis e devem mesmo ser evitadas. Por exemplo, uma pessoa idosa que foi integrada num determinado lar não deve ser transferida para outra instituição, a não ser que exista um motivo de força maior. Precisamos de ter em conta que os idosos são um grupo populacional frágil do ponto de vista emocional e psicológico e que, por isso mesmo, têm maior dificuldade em lidar com a mudança.



O que os especialistas dizem sobre o assunto

A maioria dos especialistas em integração de pessoas idosas em lares de idosos afirma que a transição de casa para uma instituição deve ser bem preparada junto do idoso e da família, e de preferência não deve ser efetuada de um momento para outro.

Isto porque, de acordo com os mesmos, quando o idoso participa na decisão da sua ida para um lar, existe uma probabilidade menor de a sua integração vir a ser uma experiência traumática. Ao contrário, os idosos que são colocados num lar de um dia para o outro ou que se opõem veementemente a esse movimento têm uma hipótese enorme de ficarem traumatizados.


A ida de um idoso para um lar pode ser uma experiência mais ou menos traumatizante, tudo depende da forma como o processo de transição é gerido.

O chamado «trauma de transição» traduz-se numa resposta emocional negativa e extremamente reativa à mudança. Os sintomas associados são diversos e variam de pessoa para pessoa. Muitas vezes são confundidos com quadros de demência.

Alguns idosos perdem o apetite, o sono, emagrecem, isolam-se, ficam ausentes, sofrem quedas. Outros apresentam comportamentos descontrolados, que chegam a tentativas desesperadas de fuga do lar ou chamadas frequentes para o 112. ​A frase «Eu quero voltar para a casa! Porque é que me puseram aqui?  Como é que eu saio daqui?» é muito comum entre os idosos cuja integração no lar está a ser vivida de forma traumática.

​Na origem deste trauma estão fortes sentimentos de medo, impotência, rejeição e de perda de identidade, que não devem ser ignorados nem pela família nem pela equipa técnica. Os idosos que vivem uma experiência traumática podem ter comportamentos autodestrutivos, e podem mesmo tentar o suicídio.



O idoso com demência e a mudança para um lar

A integração de um idoso com demência num lar pode ser um processo mais complicado, isto devido à natureza da própria doença. Pessoas com demência têm uma dificuldade acrescida em adaptar-se a novos ambientes e rotinas.

De acordo com os especialistas, os lares de idosos precisam de estar cientes desta realidade e de traçar um plano de integração personalizado para esta população, de forma a minimizar o impacto da mudança.


​Uma das funções da equipa técnica é trabalhar junto do idoso a sua adaptação ao lar

A este respeito Kim Warchol, fundadora e presidente do Dementia Care Specialists, afirma que «os lares têm a obrigação de não cometer ‘assassínios de identidade’, ou seja, devem sempre tentar conciliar os hábitos, as preferências e as rotinas dos residentes com as regras de funcionamento da instituição, para que estes não sintam que perderam o controlo das suas vidas e que deixaram de ter uma identidade».

As equipas técnicas precisam ainda de estar conscientes do facto de que a integração de um idoso num lar pode ser uma experiência igualmente traumatizante para a família. Por isso, também a família deve ser acompanhada durante todo este processo.



5 dicas para tornar a ida para o lar menos traumática 


Prepare o idoso para a mudança

Faça com que o seu familiar participe na tomada de decisão de ida para o lar de idosos. Pergunte em que tipo de instituição gostaria de ficar. Dê-lhe a conhecer diversas opções. Faça-se acompanhar por ele nas visitas aos lares. Na hora de escolher, tenha em consideração a opinião do seu familiar.


​Deixe o idoso participar no processo

Um idoso com demência pode ser capaz de escolher o enxoval e a roupa quer levar para o lar. Não tome as rédeas de tudo, deixe o seu familiar decidir aquilo que pretende levar consigo.


Ouça o idoso com a devida atenção

Acompanhe o seu familiar no primeiro dia no lar de idosos. Ouça-o com atenção, em vez de tentar passar a ideia de que aquele lugar é maravilhoso. Registe as primeiras observações do seu familiar e partilhe com a equipa técnica. Desta forma, poderão ser feitos alguns ajustes para o bem-estar individual do idoso.


Valide os sentimentos do idoso

Aceite os sentimentos de tristeza do seu familiar e ouça-o com atenção, mostrando empatia. Diga apenas «Eu sei o quanto isto é difícil para si». Não tente animá-lo à força, raramente ajuda desta forma.


Informe o médico pessoal do idoso

Ponha-o a par do ingresso do seu familiar no lar de idosos. Vá dando informações sobre como está a correr o processo de adaptação. Por vezes, nesta fase, alguns idosos apresentam sintomas de ansiedade e depressão, que podem ser combatidos com uma medicação adequada (recomendada pelo médico) e com algum exercício físico.


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