Depois do idoso sofrer um AVC: 4 efeitos secundários inesperados

Por Mariana Camargo , 09 de Fevereiro de 2022 Envelhecimento


O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das principais causas de morte em Portugal, sendo também a principal causa de morbilidade e de potenciais anos de vida perdidos no conjunto das doenças cardiovasculares. O AVC é um défice neurológico súbito, motivado por isquemia (deficiência de irrigação sanguínea) ou hemorragia no cérebro. 

Para prevenir a doença, devem ser adotados hábitos de vida saudáveis: evitar-se o tabaco e a vida sedentária. Também é importante ter especial atenção a doenças como a hipertensão, diabetes ou arritmias cardíacas. Sintomas que devem ser considerados para o diagnóstico de um AVC são: falta de força num braço, boca de lado ou dificuldade em falar.


As primeiras horas após o início dos sintomas de AVC são essenciais para o socorro da vítima, é esta a janela temporal que garante a eficácia dos principais tratamentos.



Em 2020, o INEM encaminhou 4 939 pessoas com suspeita de AVC para hospitais, o que representa uma média de 14 casos diários, mais dois relativamente a 2019. Já no ano de 2021, até ao dia 29 de março, o INEM encaminhou 1 450 casos de AVC, ou seja, uma média de 16 casos diários.

Os idosos são a faixa etária com maior incidência de AVC, e a sua recuperação é muito particular. É importante ter em conta os conselhos profissionais para evitar potenciais erros no cuidado ao idoso que sofreu um AVC. Neste artigo, temos como foco 4 dos efeitos secundários inesperados que podem ocorrer a um idoso que sofreu um AVC, e como se pode lidar com cada um deles.



1. Comportamento inadequado


Comportamento inadequado ou alterado é um fenómeno que pode ser percebido em alguns dos idosos sobreviventes de AVC, em atitudes erráticas e fora do lugar. Um exemplo muito simples dito é o idoso rir quando nada é engraçado ou chorar quando nada é triste. 

Um AVC muda a vida do idoso e de todos os envolvidos, família, amigos e cuidadores. Os sobreviventes não experimentam apenas mudanças físicas, muitos experimentam mudanças de personalidade que variam da apatia à negligência.


Depois do AVC, o idoso pode ter mais dificuldade em controlar as suas emoções ou, por outro lado, apresentar sintomas de apatia.



Isto é conhecido como labilidade ou instabilidade emocional, e significa que o idoso pode chorar mais ou sem razão aparente e no momento a seguir começar a rir. A pessoa pode também ter alterações na forma como faz coisas ou como fala, podendo por exemplo passar a dizer mais palavrões, quando antes não o fazia. Além disso, alguns idosos que sofreram um AVC simplesmente não parecem importar-se com nada, ficando apáticos em relação a tudo.

A melhor resposta à apatia é a atividade. Dê ao seu familiar a escolha do que fazer durante o dia, e lembre-se que ficar na cama geralmente não deve ser uma opção. Outra boa resposta a este efeito secundário é a Terapia Cognitiva Comportamental, que se concentra em examinar as relações entre pensamentos, sentimentos e comportamento. Nela, o terapeuta e o idoso trabalham ativamente juntos para a recuperação.



2. Fadiga extrema


Diversas alterações funcionais e emocionais podem ser sequelas de um AVC, dependendo de qual foi a área do cérebro lesionada. Por isso, o processo de recuperação de um AVC pode ser extremamente desgastante. A fadiga pós-AVC vai além do simples «cansaço». De acordo com a National Stroke Association, baixos níveis de energia podem atingir os idosos sobreviventes do AVC sem aviso, e simplesmente «descansar mais» nem sempre resolverá o problema. 


Além do cansaço físico e mental da recuperação, medicamentos, dieta, sono interrompido e problemas de saúde mental podem desempenhar um papel no aumento do nível de fadiga pós-AVC.



Então, é de extrema importância que o idoso que sofreu um AVC tenha acompanhamento regular com um médico e profissionais especializados para que este efeito secundário seja tratado. Quanto mais cedo este sintoma for identificado e levado a conselho médico, mais cedo se poderá pensar num tratamento e seguir para uma possível solução, tendo em vista o bem-estar do idoso.



3. Problemas de sono


Após um AVC, o idoso pode desenvolver problemas respiratórios, como a apneia obstrutiva do sono, que podem interferir no sono do doente. Também os sobreviventes de AVC sofrem frequentemente de insónias, o que faz com que tenham dificuldade a adormecer ou permanecer a dormir durante a noite. 

As alterações neurológicas associadas a um AVC podem ainda afetar os ritmos circadianos naturais de uma pessoa, isto porque o cérebro não responde adequadamente aos sinais de sono escuro e claro (durante a noite ou o dia). 


É importante monitorizar o sono do idoso, e a sua qualidade, após um AVC para identificar possíveis problemas de saúde decorrentes do episódio.



Como resultado, alguns sobreviventes de AVC relatam sentir-se muito enérgicos na hora de dormir, o que os faz ficar acordados a noite toda. Por outro lado, muitas vezes sentem-se extremamente cansados ​​quando começa a clarear e adormecem durante o dia. Estas trocas não são benéficas para o organismo, visto que o sono durante a noite é muito mais reparador. Fale com o médico sobre isto, visto que cada alteração tem um tratamento diferente.



4. Alterações de humor excessivas

Transtornos que causam alterações de humor são comuns em pessoas que sofreram um AVC. O transtorno de depressão atinge cerca de 35% dos sobreviventes de AVC, e é severamente subdiagnosticada, de acordo com o National Institutes of Health.

Isso porque ocorre uma combinação de alterações biológicas decorrentes dos danos cerebrais e físicos causados ​​pelo AVC. Estas alterações estão associadas aos problemas psicológicos relacionados com perda de independência e de movimentos, além da redução da qualidade de vida.


As alterações de humor são frequentes, mas é importante monitorizar o idoso visto que a depressão atinge cerca de 35% dos sobreviventes de AVC.



Neste efeito secundário de alterações de humor e depressão, as medicações podem ter um papel importante. Os antidepressivos, por exemplo, interferem com os neurotransmissores que estão em falta no cérebro e melhoram o humor. Existem vários tipos de intervenção que podem ajudar a lidar com as alterações emocionais pós-AVC, e um médico especializado poderá explicar-lhe que tipo de soluções são mais adequadas para cada idoso.

Mas, com certeza, falar sobre os sentimentos pode ajudar a lidar com eles de forma mais eficaz. Por exemplo, uma consulta de psicologia dá ao idoso tempo e espaço para desabafar e trabalhar estes sentimentos complexos com um especialista.



Cuidados especializados são sempre necessários no pós-AVC


Como se pode ver, lidar com as sequelas de um derrame cerebral pode ser extremamente frustrante, quer para os sobreviventes, quer para os seus cuidadores e familiares.

Por isso, é importante salientar que as famílias devem ter em mente a possibilidade de o idoso que sofreu um AVC passar pelo processo de recuperação num lar de idosos. A recuperação hospitalar ocorre por um tempo determinado, e nela o idoso recebe todo o acompanhamento necessário durante este período, como pode ver no artigo sobre os Benefícios de uma recuperação hospitalar em lar de idosos.

Os profissionais de lares de idosos estão preparados para cuidar de idosos que sofreram AVC, assim como lidar com os seus efeitos primários e secundários. Por isso, se o seu familiar idoso sofreu um AVC e precisa de ajuda, saiba que pode contar com este tipo de serviço focado no bem-estar do idoso neste período tão conturbado.



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