Covid-19: comunicar em lar de idosos num momento de crise

Por Susana Pedro , 09 de Março de 2020 Profissionais


Num momento de crise, é sempre complicado priorizar o que a direção de um lar de idosos deve fazer. A par de todas as prevenções, recomendadas pela DGS, é necessário envolver toda a gente na prevenção de um surto de Covid-19.

Saiba neste artigo como comunicar com famílias, idosos, colaboradores e fornecedores do seu lar, de forma a proteger a saúde dos idosos e não fomentar o pânico.



Procedimentos recomendados

Antes de mais, é necessário tomar algumas precauções no que diz respeito ao normal funcionamento do lar:

1 - utilize desinfetante (que deve estar visível e acessível) para higienizar as mãos de todos os colaboradores, à entrada e frequentemente durante os turnos;

2 - evite tocar nos olhos, na boca e no nariz durante o dia, mesmo que as mãos estejam higienizadas;

3 - utilize sempre descartáveis e deite-os fora assim que terminar (seja lenços, luvas, fraldas, gazes, ou outros equipamentos de enfermagem);

4 - higienize frequentemente superfícies, equipamentos e utensílios (como maçanetas, corrimãos e botões de elevador) com detergente desengordurante, seguido de desinfetante;

5 - comunique aos superiores sempre que alguém pareça ter sintomas de infeção respiratória (febre, tosse ou dificuldade respiratória aguda);

6 - reduza ao máximo o número de visitantes, tentando colmatar com outros tipos de comunicação (chamadas e videochamadas). Crie um familiar-referência, que pode visitar os idosos mediante alguns cuidados adicionais;

7 - sensibilize o familiar-referência para que se higienize à entrada do lar, com desinfetante, de todas as vezes que for visitar o idoso;

8 - se identificar um possível caso, coloque-o numa área de isolamento, com máscara, e contacte o SNS24.



Comunicação com os colaboradores

O primeiro passo numa situação de crise é sempre começar por formar a equipa do lar. Reúna toda a informação relevante sobre o vírus, os procedimentos recomendados pela Direção Geral de Saúde e os procedimentos que quer implementar.

Assim que tenha a informação toda, marque uma reunião com os funcionários do lar, numa altura do dia propícia. Provavelmente, não poderá fazer apenas uma reunião, tendo de escalar os funcionários para que o lar funcione normalmente e nenhum idoso ou procedimento seja negligenciado.


Seja aberto e compreensivo na reunião com os colaboradores, mas mantenha-se firme nas diretrizes a seguir.



Nestas reuniões, deve dar as diretrizes sobre o que está a acontecer, abrindo a debate as preocupações e ansiedades de cada colaborador. É importante que todos sejam ouvidos e se sintam compreendidos, para não fomentar pânico generalizado, que irá influenciar muito o estado de espírito dos idosos e consequente ambiente do próprio lar.

Todas as diretrizes de higienização de pessoas, espaços e utensílios devem ser dadas aos colaboradores de forma clara, sendo entregue, caso ache necessário, um documento em papel com toda a informação. É importante que todos tenham o máximo de cuidado, e sigam as recomendações assumidas pelo lar, visto que os idosos são o grupo de risco de Covid-19.



Comunicação com os idosos

Como em qualquer comunicação no lar, não nos podemos esquecer de falar com os idosos. Estes são adultos e, a menos que tenham algum tipo de demência ou doença que os incapacite a nível cognitivo, têm todas as condições reunidas para compreenderem a situação e a atuação do lar de idosos frente à Covid-19. O responsável do lar deve reunir com estes idosos, de forma a desmistificar tudo o que possam ter ouvido.


A reunião deve ser leve, concisa e ir ao encontro das necessidades de informação e compreensão dos idosos residentes no lar.



Mais importante que informar os idosos sobre o que está a acontecer lá fora, o objetivo desta reunião com os idosos é sensibilizá-los para o facto de que tudo o que está a ser posto em prática é para seu bem. Sendo o grande grupo de risco deste coronavírus, os idosos têm de estar envolvidos em toda a atuação do lar para a prevenção.


Importa todas as dúvidas serem respondidas, com um tom reconciliador e calmo.



Não devem ser criados alarmismos desmesurados, pois estes apenas levam ao pânico. De forma natural, explique o que acontece, e qual a atuação do lar para proteger os idosos. A questão das visitas pode levantar algumas ondas, pois os idosos ficam ansiosos caso as famílias não os visitem frequentemente. No entanto, frise que estas medidas serão colmatadas com um acréscimo de comunicações por telefone e videochamadas, disponibilizadas pelo responsável ou pelas assistentes geriátricas do lar.



Comunicação com as famílias

Importa envolver as famílias neste processo, explicando os procedimentos e qual a sua razão de ser. A saúde dos idosos é a prioridade das instituições, e todas estas medidas têm de ser explicadas como tal.


O primeiro passo é uma comunicação generalizada para os familiares dos idosos residentes do lar, através de email, para estabelecer alguns pontos importantes.



Neste email, o responsável do lar deve deixar claro que todas as mudanças no lar de idosos são em prol da segurança e bem-estar dos idosos, que são o grupo de risco da Covid-19. Num tom conciliador, é importante desmistificar toda a situação, reforçando que são medidas preventivas e não reativas (não houve nenhum caso suspeito no lar, e pretende-se que assim continue).

Também são de salientar neste email as medidas principais para evitar o contágio - todos os procedimentos específicos de higienização, etiqueta respiratória e conduta social.

Familiar-referência

Alguns lares criaram já o familiar-referência, que é um familiar por idoso que pode visitar o lar de idosos, sendo higienizado à entrada, para evitar um grande número de pessoas a entrar no lar no horário de visitas. A nomeação deste familiar leva a que as fontes de contágio sejam menores, e consequentemente o ambiente seja mais seguro para os idosos, sem que haja um corte total nas visitas.

Caso adote este procedimento, no email deve já explicar a situação de forma muito simples, mostrando as mais-valias de apenas uma pessoa ir visitar o idoso ao lar. Caso haja outro tipo de restrições, estas devem também ser comunicadas. Se o responsável achar por bem suspender algumas ou todas as visitas, deve informar das alternativas existentes - chamadas ou videochamadas mais frequentes.


O segundo passo de comunicação com as famílias é o esclarecimento de dúvidas individual, idealmente feito por telefone.



De forma a proteger os idosos, todas as visitas, mesmo que para reuniões, devem ser limitadas ao mínimo. O telefone ou a videochamada devem ser preferidos para este tipo de esclarecimento. Ainda assim, em algumas situações um mero telefonema pode não ser o suficiente para que o responsável do lar e a família cheguem a entendimento.


Mais importante que tudo é a manutenção de uma comunicação fluida, tanto da parte do responsável do lar de idosos como da própria família.



Esta é uma situação atípica, e deve ser tratada como tal. Por muito que o responsável do lar tenha de estar disponível para gerir todas as alterações, fazer ajustes e manter-se informado sobre o que acontece no seu lar, não pode nunca descurar a comunicação com as famílias. Esta é primordial para a confiança na atuação do lar. Mantenha-se contactável, nomeie um responsável quando não se encontra no lar e tente sempre dar resposta às famílias. Seja firme nas decisões que tomar, mas compreensivo e acessível para que tudo corra bem.


Comunicação com os fornecedores

Todo o fornecimento de equipamentos de enfermagem, incontinência e outros deve manter-se como habitualmente. Não há necessidade de criar alarmismos. Seja encomendando rapidamente muita quantidade de materiais, seja deixando abrutamente de os encomendar e receber, os idosos é que acabam por sair prejudicados.


Importa ter algumas precauções com todos os equipamentos que chegam, principalmente do estrangeiro, mas longe de criar desconfiança ou alarmismos.



​Todos os estafetas ou funcionários de serviços de distribuição devem ser incentivados a higienizarem-se convenientemente, no momento de entrada no lar de idosos. As encomendas devem ser recebidas na porta de serviço, e desembrulhadas em áreas de serviço convenientemente afastadas das áreas de lazer dos idosos. Apenas equipamentos e utensílios securizados devem chegar aos idosos, de forma a evitar o contágio cruzado.


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