Erros comuns no cuidado ao idoso que sofreu um AVC

Por Carolina França , 02 de Dezembro de 2019 Dependência


O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma doença de aparecimento súbito e exige da família uma rápida aceitação e adaptação, principalmente no momento de regresso do idoso a casa.

Este processo torna-se desgastante devido à mudança inesperada na rotina familiar. Atividades que costumavam ser fáceis e realizadas de maneira independente como vestir-se, comer, cozinhar e limpar tornam-se difíceis com a mobilidade e memória limitadas. 

A experiência de cuidar de um familiar idoso após este sofrer um derrame pode ser muito desafiadora e é comum surgirem muitas dúvidas sobre a doença e os cuidados adequados para esta situação.

A falta de informação gera medo e insegurança ao cuidador, por isso compilamos alguns conselhos para ajudá-lo a evitar os 7 erros mais comuns ao cuidar de um familiar idoso que teve um AVC.



É a principal causa de incapacidade em Portugal

 
Também conhecido como derrame cerebral, o AVC é a principal causa de mortalidade e incapacidade em Portugal. A cada hora, três portugueses sofrem um acidente vascular cerebral, sendo que um deles não sobrevive e outro permanece com sequelas incapacitantes.

Um acidente vascular cerebral ocorre quando uma parte do cérebro deixa de ser irrigada pelo sangue. Isto pode derivar de um bloqueio num vaso sanguíneo (AVC isquémico) ou também resultar da ruptura de uma artéria cerebral (AVC hemorrágico). Em qualquer dos casos, as células do cérebro são destruídas e o seu funcionamento afectado.

O resultado de um derrame varia para cada pessoa e depende da sua localização e gravidade. Como consequência da morte de células cerebrais, o doente pode apresentar incapacidades como: 

- Défices motores;

- Alteração das sensibilidades;

- Alterações da fala, linguagem e deglutição;

- Défices cognitivos.

Um dos défices motores mais comuns é a hemiparesia, ou seja a paralização de um lado do corpo, que muitas vezes afecta um braço em especial.

Entender o que é um AVC e quais os cuidados a ter em casa é uma forma de diminuir a ansiedade e tornar mais claros os procedimentos a adoptar. A seguir apresentamos os principais erros a evitar no cuidado do idoso após um derrame.


Erros mais comuns


Demorar a iniciar a reabilitação

A reabilitação deve ser iniciada ainda no hospital, assim que o quadro clínico estabilizar. Esta reabilitação precoce ajuda a evitar problemas circulatórios, complicações musculares, lesões na pele e até a depressão. No entanto, após a alta hospitalar é comum pacientes demorarem a iniciar os tratamentos seja por dificuldades de deslocação, falta de planeamento ou limitações financeiras.
Os programas de reabilitação aumentam significativamente a probabilidade de recuperar habilidades perdidas, porém é fundamental que se inicie o mais cedo possível.

Tenha em consideração que os primeiros três meses são cruciais, pois é um período de melhora rápida: multiplique os esforços para iniciar o quanto antes.



Só fazer os exercícios na fisioterapia

A falta de conhecimento dos benefícios da realização de atividade física diária, e não somente nas sessões de fisioterapia, leva a pouca adesão a exercícios em casa. É importante compreender que a fisioterapia envolve exercícios específicos que, além de prevenir atrofias e melhorar a força e coordenação, estimulam outras áreas do cérebro a assumirem novas funções.

O movimento regular é o melhor remédio para o derrame e, para ajudar seu familiar a recuperar, estimule-o a realizar os exercícios ensinados pelo fisioterapeuta em casa diariamente. 



Não ter uma postura correta

O posicionamento correto, além de proporcionar conforto e bem-estar, é fundamental para a recuperação do seu familiar.

Um idoso com sequelas de um AVC, devido às alterações de sensibilidade e do controlo de movimentos, pode não ser capaz de sentir que se está a magoar e de mudar instintivamente de posição. Posicionar corretamente o corpo previne complicações como dor no ombro do lado afetado, encurtamento muscular, deformidades e feridas na pele por pressão.

Durante o dia, a cada duas horas estimule a mudança de postura ao deitar do lado bom, deitar do lado afetado, sentar e ficar em pé. Utilize almofadas de apoio, protectores de calcanhares e colchão anti-escara, sempre que necessário.



Levantar puxando pelo braço afetado

Nunca puxe o idoso pelo braço afetado ao mudá-lo de posição. Fique atento para que este braço esteja sempre bem apoiado durante as atividades diárias.

Em alguns casos, o fisioterapeuta poderá indicar uma ortótese para estabilizar a articulação do ombro e prevenir dor.



Fazer tudo pelo idoso

Sim, o idoso que teve um derrame precisa de mais atenção e assistência, mas desde o início deve-se estimular a realização de tarefas simples sendo-lhe dada somente a ajuda necessária para que obtenha bons resultados.

Algumas famílias, com boas intenções, prestam demasiada ajuda, o que leva a que o idoso não faça o suficiente pelos seus próprios meios e, por conseguinte, perca a confiança em si próprio. Deve deixar-se que o idoso execute sozinho as tarefas, mesmo que demore mais tempo. Estimule a independência e ajude no que for preciso, mas não faça tudo por ele. 



Ignorar as alterações emocionais 

Mudanças emocionais após o acidente vascular cerebral podem acontecer por acometimento de áreas específicas do cérebro ou reactivas aos desafios que surgem após o AVC. Os problemas cognitivos mais comuns após um derrame são a ansiedade e a depressão.  Sentimentos de raiva e frustração também são frequentes.

Tente entender esse momento desafiador e procure ajuda profissional se estas alterações emocionais afetarem a recuperação e reabilitação.



Desmotivar durante o tratamento

A reabilitação pode ser um processo lento e as expectativas iniciais podem ser frustradas diante das dificuldades, como a dor durante a realização dos exercícios. Os ganhos podem acontecer rapidamente ou com o tempo. Na maioria dos casos, os resultados mais notáveis da recuperação ocorrem durante os primeiros três a seis meses após o AVC.

Depois desta fase, no entanto, muitos idosos apresentam uma desaceleração e, apesar de ser frustrante, não é um sinal de que a recuperação parou. Isso é comum e é importante estar preparado mentalmente para a mudança.  
Portanto, não desanime se o progresso após um período inicial ficar mais lento. Incentive e elogie qualquer ganho por menor que seja e tenha cuidado para não pressionar. Isso ajuda o seu familiar a sentir-se apoiado e motivado a continuar o tratamento.



Ao educar-se, pode ajudar mais

Sem dúvida que pode ser muito difícil lidar com todas as alterações motoras e cognitivas que surgem após um AVC na terceira idade, porém com o entendimento sobre a doença e seu curso, muitos erros podem ser evitados no cuidado diário.

O conhecimento é poder e educar-se é uma das melhores maneiras de se sentir mais seguro e confiante para cuidar de seu familiar idoso.



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