Saúde mental do idoso: sinais de alerta que surgem no Inverno

Por Sónia Domingues , 26 de Outubro de 2022 Envelhecimento

Há muito tempo que os cientistas têm vindo a conectar as estações do ano a alterações no estado da mente nos idosos, mas só muito recentemente fizeram uma ligação das doenças de foro mental ao inverno. Numa investigação muito recente, que envolveu três mil adultos e idosos, constatou-se que as competências cognitivas também apresentam sinais de declínio durante o inverno e primavera e voltam a melhorar no verão e outono.

Neste artigo, vamos apresentar os sinais de alerta na saúde mental dos idosos a que devem ficar atentos este inverno.



Inverno pode potenciar declínio cognitivo


Os investigadores acreditam que a estação do ano tem uma associação significativa com a cognição e saúde mental. Um novo estudo sugere a correlação entre a sazonalidade e sinais de perda de capacidades cognitivas nos idosos. Apesar de já haver evidências de como as estações do ano afetam as nossas emoções, esta investigação prova que, para além de mexer com as emoções, o inverno traz sinais de perdas cognitivas, sobretudo na população idosa.

O inverno pode provocar sinais de alerta a nível emocional e afetivo, mas também começam a ser estudadas alterações a nível cognitivo que ocorrem nos meses mais frios. Na investigação, realizada por investigadores da Universidade de Toronto, no Canadá, verificou-se que os mesmo sinais se reproduzem nos idosos que sofrem da doença de Alzheimer. Perante este quadro, familiares e profissionais que trabalham em lares de idosos deverão ficar especialmente atentos aos sinais de alerta para sintomas iniciais de Alzheimer.



Sinais de alerta que surgem no inverno


Mudanças comportamentais do idoso

A perda cognitiva tem características que tendem a ser permanentes e com tendência a agravamentos, principalmente nos idosos. Os sinais ligados às doenças mentais costumam surgir ou progredir nos meses de inverno. Por essa razão, os profissionais e familiares deverão ficar mais atentos a sinais de um possível declínio dos idosos, a nível das suas capacidades cognitivas, e saúde mental no todo.

A atenção deverá ficar voltada para pequenos sinais e alterações no idoso, como esquecimento de datas importantes, desorientação, mau humor, e até agressividade que não se coaduna com o seu comportamento habitual. O idoso também pode evidenciar sinais de depressão, ansiedade e distúrbios no sono. Dificuldades físicas musculares, ou de equilíbrio e deglutição que surgem e se agravam muito depressa também devem ser tidas em conta como sinais de que algo não está bem. A repetição de conversas, a desorientação e a desmotivação, assim como a repetição de tarefas e trocar objetos do lugar, também estão entre os sinais de alerta a que se deve estar atento.



Tristeza, isolamento e inatividade 


O clima, e sobretudo o inverno, pode provocar alterações em indivíduos mais sensíveis. A saúde mental dos idosos pode sofrer apenas pelo aproximar dos meses mais frios. Se os idosos, nas suas casas ou em lares, têm apenas sintomas leves, como maior propensão a um estado de melancolia ou mais vontade de ficar a dormir, não será um sinal de alerta determinante. Por outro lado, se o idoso se converte numa pessoa bastante mais soturna, tem desinteresse no convívio e interação social, recusa fazer atividades que gostava de realizar, regista maior irritabilidade e ansiedade, estes sinais já deverão ser considerados como motivo de vigilância mais apertada ou levar o idoso a um médico da especialidade, para ajuste de medicação.


A Depressão Sazonal é um transtorno de humor que ocorre habitualmente nas estações mais frias do ano, associadas também à menor luminosidade.


Estamos a falar de um tipo de depressão já amplamente conhecida, que é denominada de depressão sazonal. Trata-se de uma doença que dá os seus sinais durante os meses de inverno e que afeta muitos idosos no inverno. No inverno, deve ficar atento a alguns sinais de alerta de que o idoso pode estar a sofrer de depressão sazonal, como sentimento de tristeza e cansaço excessivo, passando por perda de interesse em atividades sociais, irritabilidade e ansiedade e alterações nos padrões do sono. A depressão sazonal também está associada a variações no peso.



Terapias eficazes na prevenção e tratamento


Nestes casos, o diagnóstico precoce é o melhor tratamento possível para uma doença do foro cognitivo no idoso. Quanto mais cedo se detetarem os sinais e for feito o diagnóstico, melhor para o idoso. Sabe-se que funções perdidas não se recuperam com facilidade, ou poucas são recuperáveis. 
Daí que seja fundamental o idoso ser diagnosticado e medicado mediante a doença de que padece o quanto antes, para abrandar o ritmo de perda de capacidades cognitivas.

A medicação adequada também é elementar para o tratamento da depressão, mesmo que esta seja sazonal, o que ocorre mais frequentemente no inverno. Alguns medicamentos podem repor alguns neurotransmissores cerebrais que estão em falta como a serotonina e noradrenalina, que melhoram o bem-estar e o humor.


Existem algumas terapias que poderão ser eficazes no tratamento destes sinais e sintomas que surgem no inverno, como a fototerapia e a psicoterapia.

Fototerapia

A fototerapia consiste na utilização de luzes ultravioletas artificiais como substituição da luz solar, que possuem ação anti-inflamatória e imunossupressora. Esta abordagem terapêutica é realizada sob indicação médica e tem-se revelado especialmente eficaz no tratamento da depressão sazonal durante o inverno nos idosos. No entanto, tem-se verificado que surte efeitos muito positivos no tratamento de outros tipos de depressão, como transtorno depressivo maior e transtorno bipolar.



Psicoterapia

A psicoterapia tem por finalidade tratar distúrbios do foro mental, como depressão e ansiedade, mais frequentes no inverno. É um processo dialético efetuado entre o psicoterapeuta e o paciente idoso, ou seja, trata-se de uma conversa racional e direcionada para as questões que afetam o paciente e o que estará no cerne do problema. A psicoterapia trabalha as causas emocionais que desencadearam o transtorno no idoso. Nas sessões, o paciente é levado a refletir e a utilizar o autoconhecimento.



Atenção redobrada no Inverno à saúde mental do idoso


O diagnóstico atempado pode evitar o agravamento de sinais e sintomas das patologias acima descritas. Por isso, o cuidador do idoso deve ficar especialmente atento aos indícios que possam suscitar dúvidas quanto ao estado de saúde mental do idoso, principalmente no inverno, quando os sinais de alerta mais aparecem. Para quem lida todos os dias com o idoso, poderá ser mais fácil notar mudanças subtis, mas que não devem ser ignoradas, sob pena de se agravarem. Acima de tudo, o cuidador deve confiar no seu instinto e conhecimento do idoso, para descortinar aqueles pequenos sinais que surjam e que necessitem de ser avaliados por um médico, para preservar a saúde mental do idoso.



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