Principais cuidados a ter com um idoso acamado

Por Joana Marques , 04 de Fevereiro de 2020 Dependência


Cuidar de um idoso acamado em casa não é tarefa fácil! Ao estar confinado ao leito, o idoso está dependente da intervenção de cuidadores informais (familiares ou amigos) ou formais (apoio domiciliário ou institucionalização), que promovam o seu bem-estar e o ajudem nas suas necessidades mais básicas.

Neste artigo, damos-lhe a conhecer quais os principais cuidados a ter com o seu ente querido que está imobilizado na cama. Leia as nossas sugestões para lidar com esta situação de dependência, pois mesmo que o idoso esteja acamado num lar ou a receber apoio domiciliário, é essencial que saiba se ele está a ser bem cuidado.



O que é a imobilidade no leito?

Há situações de saúde que podem levar a que o idoso tenha que passar períodos prolongados na cama, como fraturas decorrentes de uma queda, problemas cardiovasculares, dor crónica, doenças oncológicas ou mesmo situações de demência.


Em termos gerais, uma permanência no leito entre 7 a 10 dias é considerada um período de repouso, entre 12 a 15 já é considerada uma imobilização e a partir dos 15 dias já se trata de um decúbito de longa duração. 



O confinamento ao leito, temporariamente ou por longos períodos de tempo, exige muita dedicação e competência por parte de quem auxilia na execução das atividades básicas e instrumentais da vida diária do idoso. Os sentimentos de independência e autonomia devem ser reforçados, sempre que possível, para que a imobilização não dê origem a outros problemas de saúde (físicos ou psicológicos).



Cuidadores informais e cuidadores formais

O idoso pode estar acamado em várias situações: em casa de familiares, na sua própria casa ou num lar. Mesmo considerando que é um dever da família garantir que o idoso acamado receba os melhores cuidados, muitas vezes esta não está adequadamente preparada para desempenhar o papel de cuidador. Quando não existe conhecimento, suporte ou disponibilidade para assegurar a totalidade dos cuidados, a família deve recorrer à colaboração de cuidadores formais, que estão capacitados para auxiliar nos cuidados básicos.


Os cuidados básicos com um idoso acamado são a prevenção de quedas, a limpeza do ambiente, a mudança de posição, o estímulo à movimentação, a higiene, a alimentação e o controlo da medicação.



Seja por períodos mais ou menos prolongados, a imobilização no leito pode ser uma experiência dolorosa para o idoso, que se ressente da falta de autonomia e pode desenvolver a síndrome do desuso. Esta tem um impacto significativo em todos os sistemas do organismo e pode dar origem a complicações de saúde adicionais, depressões ou ao agravamento de estados de demência.

Mesmo que a família esteja capacitada para cuidar do idoso acamado, o mais importante é que ele seja mimado, acarinhado e estimulado. Esta é, aliás, a melhor forma de garantir o bem-estar do idoso e ajudá-lo a ultrapassar o desconforto e a inevitável fragilização do corpo e da mente.



Cuidados a ter com um idoso acamado

Cuidar de idosos semidependentes ou dependentes é uma tarefa exaustiva e difícil, que exige muita dedicação e paciência. Muitas vezes, esta é uma atividade que se soma a outras do dia-a-dia, pelo que se está a cuidar informalmente de um familiar ou amigo idoso não se deixe sobrecarregar. Divida as tarefas e partilhe o peso emocional que pode sentir devido ao sofrimento da pessoa que lhe é muito querida.

Não se deixe levar pelo cansaço físico, por pensamentos depressivos ou pelas alterações na vida conjugal e familiar. Se chegar à conclusão de que cuidar do idoso já não é sustentável, procure outras soluções como o apoio domiciliário ou a institucionalização num lar.


Faça as tarefas «com ele» e não «por ele». Mesmo estando confinado ao leito, o idoso deve sentir-se útil e integrado nas atividades do quotidiano.



A primeira coisa que deve fazer antes de começar a rotina diária com o idoso é lavar bem as mãos. Enquanto cuida, tente obter a colaboração do idoso. Mesmo estando confinado ao leito, o idoso deve sentir-se útil e integrado nas atividades do quotidiano. Se o idoso tiver dificuldades em comunicar verbalmente, esteja atento à linguagem corporal, à expressão no rosto, aos gestos e ao tom de voz. 



1- O idoso deve estar confortável

Isto começa pelo ambiente do quarto, que deve ser iluminado, arejado e espaçoso. A cama, e o ideal é que seja articulada, deve estar posicionada no meio da divisão, para que se possa aceder com facilidade por ambos os lados. Os lençóis devem ser 100% algodão, pois é um material que evita a transpiração e pode ser lavado a altas temperaturas, o que é importante se a pessoa tiver uma doença infecciosa ou sofrer de incontinência.

Mude os lençóis todos os dias, mantenha-os esticados e livres de rugas ou migalhas, para que não se formem feridas ou haja restrição da circulação. Coloque almofadas para dar suporte às costas, de lado do corpo e debaixo dos joelhos e calcanhares.



2- A higiene pessoal é muito importante para o bem-estar e do idoso

A higiene oral deve ser feita duas vezes ao dia. O banho, seja no leito ou na banheira, deve ser diário, dado preferencialmente de manhã, quando o idoso tem mais energia. Use gel de duche ou sabonete com um PH neutro e um hidratante corporal gordo depois de a pele estar limpa e seca, o que previne o aparecimento de feridas ou pruridos.

Tomar banho é relaxante e proporciona conforto físico e emocional. Assegure-se de que não existem correntes de ar e incentive o idoso a participar na sua higiene, sempre que possível, para que se sinta menos envergonhado e dependente. Quando não for possível dar um banho completo, pelo menos a cara, as mãos, as axilas e as partes íntimas devem ser lavadas diariamente.



3- O idoso não deve estar muito tempo imóvel

É possível perder cerca de 1 kg de massa muscular após 10 dias de confinamento, além de que a imobilidade aumenta o risco de problemas de circulação e da formação de feridas. Dependendo das limitações físicas do idoso acamado, ele deve permanecer sentado pelo menos 2 horas de manhã e 2 horas à tarde. Se não se conseguir sentar, durante o dia, mova-lhe os braços e as pernas para ativar a circulação, especialmente nas extremidades.

Procure posicionar o idoso da forma mais confortável possível e movimente-o de 2 em 2 horas para prevenir feridas ou úlceras de pressão. Alterne a posição entre o lado direito, o lado esquerdo, de bruços e de costas. Movimentar o corpo é importante para estimular a respiração, regular o trânsito intestinal e pode mesmo ser a única forma de o idoso fazer algum exercício físico.



4- Respeite os horários das refeições e da toma de medicação

O ideal seria que o idoso fizesse as suas refeições à mesa. Estando acamado, é importante que se sente para comer e tomar os medicamentos, a não ser que esteja a ser alimentado por sonda.

Os alimentos devem ser variados, energéticos, protéicos e vitamínicos, macios e fáceis de mastigar e engolir. Sopas, papas ou fruta esmagada são boas opções. O idoso deve fazer entre 5 a 6 refeições diárias, mantendo um intervalo de 3 horas entre elas, e ingerir cerca de 6 copos de água.

Se o idoso não se conseguir alimentar sozinho, utilize uma colher, em vez de um garfo, para não causar ferimentos na boca. Se possível, mantenha-o sentado durante pelo menos 30 minutos após cada refeição, de forma a facilitar a digestão.
Mantenha um registo das horas a que deve ser administrada a medicação, seja por via oral ou aplicada na própria pele.



5- Ultrapasse o desconforto de lidar com a urina e as fezes

Por norma, uma pessoa acamada urina entre 4 a 6 vezes por dia. Se for capaz de andar, ajude-a a ir à casa-de-banho. Caso contrário, aconselha-se a utilização de fraldas e, em casos limite, de uma sonda vesical, que exige cuidados específicos de manutenção e higiene.

Passar muitas horas deitado / sentado na mesma posição altera o funcionamento dos intestinos. As fezes costumam ser mais secas e é frequente haver prisão de ventre. Caso o idoso não evacue por mais de 3 dias, estimule a zona abdominal com algumas massagens e faça-o beber água com mais frequência. Só deve administrar laxantes com indicação médica.



6- Elimine o tédio e estimule os sentidos

Ocupar o tempo é uma forma de manter o idoso distraído e de prevenir a perda das capacidades sensoriais, motoras, cognitivas e psicossociais. Ler, ver televisão, ouvir música ou ter uma boa conversa são formas de aumentar a auto-estima, melhorar o humor e sanidade mental de quem está acamado.

Existe pouca margem quando o idoso está em grau avançado de demência ou inconsciente. No entanto, sempre que possível, permita que ele faça escolhas e que participe nas decisões do dia-a-dia, especialmente quando se trata de ocupar o tempo livre.

O quarto deve estar decorado com alguma variedade, para que o olhar não se canse, embora se devam evitar objetos com quinas pontiagudas, tapetes muito pequenos e qualquer tipo de mobiliário que interfira com os cuidados do dia-a-dia. Aposte em objetos decorativos com cores fortes e motivos divertidos e não descure a importância de relógios de mesa ou parede, essenciais para que o idoso se mantenha orientado no espaço e no tempo.



​Sinais de alerta

O cuidador e os restantes membros da família devem estar atentos a qualquer alteração física, mental ou emocional. Caso se verifique algumas das seguintes situações, não hesite em entrar em contato com o médico ou em recorrer a alguém mais experiente e capacitado:

- Oscilações da temperatura corporal, especialmente febre ou hipotermia;
- Agitação, desorientação, confusão mental ou qualquer comportamento estranho e diferente do habitual;
- Rigidez nas articulações;
- Pele avermelhada ou se pensar que se vai formar uma úlcera por pressão;
- Coloração azulada ou arroxeada, que podem ser sinal de dificuldades respiratórias ou cianose das extremidades;
- Alterações do apetite.



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