A morte é sazonal. Como proteger os idosos?

Por Susana Pedro , 17 de Setembro de 2019 Idosos


A mortalidade é algo cada vez mais na ordem do dia. Embora a esperança média de vida esteja muito elevada, esse é o ponto que leva a que a população (com cada vez mais idosos) a ter uma taxa de morte maior.

Esta taxa, contrariamente ao que muitos pensam, não é contínua e regular. Há picos de mortalidade, em parte devido a condições intrínsecas à população, como a percentagem de idosos, e em parte devido a condições externas, como a temperatura atmosférica.



Alturas mais críticas do ano

Há dois grandes momentos em que a taxa de mortalidade dispara. Estes são os extremos de temperatura, que abalam muito a saúde de pessoas mais frágeis. Deste grupo de risco constam os idosos, que acabam por estar mais susceptíveis e não ter os cuidados que tiveram outrora consigo mesmos.


O Verão, quando há vagas de calor

Um dos períodos mais críticos do ano, e que começa a ser cada ano mais frequente, é o das chamadas vagas de calor. Característico deste fenómeno foi o verão de 2003, onde, só em Itália, morreram quase 20 000 pessoas, maioritariamente idosos. Embora o verão em Portugal seja caracteristicamente uma estação quente, nos últimos anos temos assistido a cada vez mais vagas de calor, em que os chamados grupos de risco estão mais vulneráveis. 

Estes grupos de risco incluem idosos, crianças pessoas com doenças crónicas e obesidade. No caso das vagas de calor, os trabalhadores no exterior também são muito vulneráveis. Todos estes grupos devem ser resguardados, de forma adaptada.


O Inverno, quando se acentua o frio

Exactamente quando as temperaturas estão mais baixas, os surtos de gripe são altamente perigosos para a faixa etária mais envelhecida. Cada inverno temos uma estirpe nova de gripe, pelo que é necessário acompanhar sempre esta situação com o Médico de Família.

O frio leva, também, a que as casas fiquem mais fechadas e sem o arejamento adequado, o que potencia a transmissão de germes e vírus. Para além disto, muitas casas ainda são aquecidas com meios pouco seguros, como braseiras ou fornos e fogões a lenha. Desta forma, podem acontecer acidentes, desde incêndios a inalação excessiva de gases tóxicos. Os edifícios portugueses não estão adaptados às mudanças de temperatura. 

​O maior inimigo dos idosos e outros grupos de risco perante estes extremos do clima português é mesmo a falta de isolamento apropriado das casas. Os lares mais antigos, ou aqueles que se encontram degradados, acabam por facilitar este mal estar. ​



As causas mais comuns


A desidratação não é levada sério

Os idosos, que regra geral não têm tanta noção da desidratação, acabam por muitas vezes se sentir mal devido a uma fraca ingestão de água. Se esta desidratação acontecer numa vaga de calor como as que acontecem cada vez mais nos últimos anos, os riscos são enormes. Pode levar a esgotamentos, descompensação de doenças crónicas como a diabetes ou hipertensão e mesmo a complicações cardiorrespiratórias. 

​Também o frio acaba por condicionar as pessoas, e os idosos, a beber menos água, pois não se apercebem da sede como se aperceberiam noutras alturas do ano: a desidratação é muito comum, e pode levar à morte. 

Para além disto, a consciência coletiva ainda relativiza muito a desidratação. Apesar de ser cada vez mais um fator de mortalidade na faixa dos mais idosos, o risco da exposição quer ao frio quer ao calor, e consequente desidratação, ainda não são levados a sério como deveria.​


O risco iminente de pneumonia 

Embora esteja tradicionalmente associada ao frio, e Inverno, a pneumonia existe o ano inteiro. Uma média de 81 adultos são hospitalizados, por dia, sendo que destes 16 acabam por falecer.

A pneumonia é uma infeção provocada pelo pneumococo, que afecta essencialmente grupos de risco: crianças, adultos com mais de 50 anos, pessoas com doenças crónicas e pessoas com comportamentos de risco (álcool e tabaco). Esta infeção é conhecida, mas erradamente associada ao Inverno e à constipação ou gripe. 


Falta informar

Num universo de 1021 inquiridos pelo Esquadrão da Pneumonia, 96%das pessoas já tinha ouvido falar de pneumonia, mas 71% das pessoas não consegue diferenciar gripe de pneumonia. Apenas 38% reconhece os sintomas, o que, embora difícil, mostra a falta de informação generalizada. De todo este universo, apenas 5% estavam naquele momento vacinadas.


​As vacinas são apenas recomendadas

Vivemos num mundo cheio de informação, mas ainda há muitas questões que se levantam. A da vacinação é uma delas. Em Portugal, contrariamente ao que se pensa, não há propriamente vacinas obrigatórias. O Plano Nacional de Vacinação refere apenas vacinas recomendadas, e tem sido muito bem sucedido, visto que grande parte da população o cumpre.


Cerca de 95% da população acaba por ser vacinada na infância e vida adulta, o que contrasta largamente com a realidade da restante União Europeia. Segundo a Comissão Europeia, em Portugal, 98% das pessoas assegura que as vacinas são importantes para as crianças. Esta imunização vai ser importante para estas crianças ao longo de toda a vida.

Vacinar ainda não é consensual, mas é importante na terceira idade.

A vacinação de grupos de risco é uma vertente importante. A vacinas sazonais, principalmente para os grupos de risco, são muito importantes. Do Plano Nacional de Vacinação consta a vacina da pneumonia, que não é muito difundida, embora esteja em crescimento nos últimos anos. A vacina da gripe sazonal, como podemos ver na imagem, é tida pela população como segura, mas não tão importante. Embora os dados estejam bastante acima da média europeia, ainda assim os dados ficam aquém do esperado.

A vacina da gripe sazonal é importante



Como manter os idosos protegidos?


1 - Hidratação constante

Manter uma ingestão de água constante, sem quebras no inverno (introduzir bastantes chás, para também manter a temperatura corporal) e reforçada nas vagas de calor;

2 - Isolamento dos edificios

Isolar bem os edifícios, de forma a não haver grandes variações de temperatura entre divisões;

3 - Arejamento nos espaços

Arejar bem todas as divisões da casa ou do lar de idosos;

4 - Ponderar a vacinação

Consultar o Médico de Família sobre a necessidade de o idoso tomar algumas vacinas sazonais;

5 - Reforçar a imunidade

Ter especial atenção à alimentação, variando bastante, para manter a imunidade dos idosos;

6 - Promover o exercício

Manter o exercício físico, ainda que de forma leve em temperaturas mais extremas, para a manutenção correta dos músculos.



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