Um Natal em Solitude: quando estar só é estar em paz

Por Madalena Silva, atualizado a 19 de Dezembro de 2025 Envelhecimento

A época do Natal nem sempre é vivida com a alegria contagiante natural dos mais pequeninos. Fala-se muito na necessidade de estar acompanhado, com uma grande família debruçada sobre uma mesa cheia de receitas das nossas avós, envolta do contraste da árvore de Natal, e esquecemo-nos que muitos idosos preferem passar esta época em silêncio e reflexão, na companhia deles próprios em plena solitude. Esta é uma experiência profunda que pode ser vivida como exercício de meditação e superação, acolhendo estes momentos como uma nova realidade, que desenvolve sentimentos mais positivos, tranquilos e significativos. 

Neste artigo, vamos mostrar que respeitar e aceitar estas diferentes maneiras de estar são essenciais para um envelhecimento saudável, normalizando uma forma de estar mais recolhida, mas em paz com o seu eu interior. 
 
  

O Natal do idoso pode ser vivido em solitude

 
Nesta época de Natal, em que a alegria e espírito de festa imperam, muitos idosos optam por um caminho alternativo. Alguns privilegiam o repouso consciente e pacífico, de quem está em sintonia consigo próprio. 
Se para sentimentos de solidão existem diversos fatores físicos e emocionais que podem incorrer nesta premissa, como a perda de entes queridos, afastamento da rede social de amigos ou doenças que limitam a pessoa, a solitude em tempos de festa, marca uma nova visão de estar sozinho intencionalmente e em consciência. 

O idoso que escolhe passar sozinho o Natal, representa a autonomia emocional de quem está bem consigo próprio e que valoriza o seu tempo. Esta pessoa toma a decisão consciente de passar o Natal na sua própria companhia, valorizando o seu direito à escolha. 

A solitude na velhice é sinónimo de procura de paz e descanso, depois de uma vida de muito trabalho. Existem vários fatores que influenciam o idoso na decisão de passar o Natal sozinho: 
 
  • Calma emocional, de quem está de bem consigo próprio;
  • Cansaço relacional, quando existe maior conflitualidade entre as pessoas mais próximas;
  • Comprometimento com uma rotina pessoal, da qual não está disposto a abdicar;
  • Superação do luto, quando procura um entendimento espiritual para a ausência de um ente querido;
  • Preservação da autodeterminação e dignidade, quando prefere proteger a sua integridade e independência;
  • Introspeção espiritual, quando vive a época natalícia com grande intensidade;


 
Um Natal à distância quando o amor vive longe

 
Segundo um estudo da Pordata, em Portugal mais de meio milhão de idosos vivem sozinhos e muitos deles devido à emigração ou migração dos familiares mais próximos. Existem quase dois milhões de portugueses a viver fora do país e também milhares que se deslocaram das localidades originais para centros urbanos à procura de trabalho, deixando os pais para trás. Embora milhares de portugueses regressem para passar a época festiva junto dos seus entes queridos, há quem não possa estar presente. 

Para muitas pessoas mais velhas, a experiência de um Natal calmo, sem o ruído e o alvoroço da família reunida num pequeno espaço, está mais de acordo com a sua forma de estar introspectiva e calma.
Se há alguns anos atrás, a distância física impedia os idosos de ver os seus familiares no Natal, hoje em dia, a pessoa está à distância de um telefonema ou de uma videochamada, vivenciando-se esta época de uma forma diferente, mas não menos sentida. 



Idosos descobrem novas formas de proximidade

 
O idoso que procura passar um Natal em solitude, não é necessariamente uma pessoa que deseja ficar isolada e sozinha, mas sim em introspeção intencional e recolhimento. Os idosos de hoje viveram fases complexas como guerras, ditaduras e crises econômicas. São uma geração marcada por essa realidade dura, que hoje se tornaram símbolo de resiliência e continuidade. Talvez pela história de vida repleta de acontecimentos, alguns idosos escolhem passar a época festiva em solitude. Esta representa uma opção de paz interior, em que a sua própria companhia lhes basta.

E, se antigamente, nesses momentos difíceis, acabavam por aceitar a distância da família, pelos diferentes motivos, hoje torna-se mais fácil. Os nossos avós, que escreviam cartas, que esperavam dias, senão meses, por uma palavra querida, que se habituaram à ausência constante, hoje vivem numa realidade diferente, onde já não esperam ansiosamente por uma resposta e conseguem usufruir de meios de comunicação que os confortam a segundos de distância. 

Com o avanço do século e a transformação crescente da tecnologia, os idosos foram forçados a adaptarem-se, e não só para se manterem socialmente conectados, mas porque procuram ser incluídos nas suas próprias decisões. É crucial que os idosos sejam envolvidos nestes momentos para que se sintam respeitados, dignos e autónomos, fortalecendo a relação familiar e prevenindo conflitos.

Se o idoso prefere passar um Natal sereno, é legítimo que faça a sua escolha pessoal, vivendo um sentimento de solitude em pleno, quer seja na sua própria habitação, quer em lar de idosos. 
 
  

Respeitando a escolha do idoso neste Natal: o direito à solitude 

  
Ainda pouco compreendida por algumas famílias, a solitude é um estado de espírito positivo, de plena consciência e de forma voluntária, ao contrário da solidão ou isolamento, um estado involuntário e que agrega sentimentos negativos de exclusão e tristeza. 

O idoso que quer passar o Natal em solitude não se sente desagregado da família, apenas prefere passar esta quadra em recolhimento, porque entende estes momentos de forma diferente, optando pela calma, tranquilidade e até oportunidade para o crescimento espiritual.
   

A solitude do idoso nesta época natalícia deve ser compreendida pela família como uma escolha autónoma e que respeita a sua individualidade.


 
No entanto, existem casos em que o idoso já não pode ficar sozinho em segurança.  Quando o nível de dependência aumenta, cabe à família encontrar soluções de apoio que, da mesma forma, respeitem a sua escolha. Desta maneira, a decisão de passar as festividades de forma mais pacata, e aceitar a vontade do idoso, torna-se escolha e não imposição, que permite um envelhecimento mais digno e saudável.

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