Alzheimer: uma doença de mulheres?

Por Susana Pedro , 21 de Setembro de 2020 Demência


De todas as doenças e transtornos que afetam a memória e o processamento do cérebro, o Alzheimer é a mais comum. Os estudos mais recentes indicam que a demência atinge cerca de 54 milhões de pessoas em todo o mundo, tratando-se de uma doença de causa desconhecida e irreversível.


O Alzheimer representa entre 60% a 70% dos casos de demência e atinge principalmente as mulheres.



É uma doença que afeta cerca de 10% das pessoas com mais de 65 anos, percentagem que sobre para 40% acima dos 80 anos. Aliás, a partir dos 65 anos, o risco duplica de cinco em cinco anos.


Dois terços das pessoas com Alzheimer são mulheres


Este facto sobre o Alzheimer não é uma mera curiosidade, mas sim uma informação valiosa na prevenção da doença e na planificação do futuro do doente em conjunto com o seu cuidador, que normalmente é do sexo feminino. 

Além disso, as manifestações da doença de Alzheimer são mais violentas na mulher que no homem idoso.



Não há de momento registo de políticas específicas em resposta a esta realidade. As mulheres não têm especial acesso a programas de saúde mais alargados e baseados nas necessidades específicas que têm face a esta doença.


Porque é que o Alzheimer é mais frequente nas mulheres?


Estudos recentes identificam dois fatores que podem justificar a existência de mais mulheres com Alzheimer: as alterações hormonais e a exposição a situações de stress prolongado.

Há também uma maior prevalência de quadros depressivos nas mulheres (em especial a partir da meia-idade), que é um dos factores de risco no desenvolvimento deste tipo de demência.


Alterações hormonais

Mais concretamente a diminuição dos níveis de estrogénio depois da menopausa, que provoca alterações metabólicas a nível cerebral, nomeadamente no processamento da glicose, a principal fonte de energia para o cérebro. A menopausa também está associada ao aumento da produção de placas beta-amilóide, um dos principais biomarcadores do Alzheimer.



Stress prolongado

Um estudo recente refere que o stress cumulativo afeta mais o sistema cognitivo das mulheres (especialmente a memória) do que o dos homens, o que pode explicar porque é que existem mais mulheres a ser diagnosticadas com Alzheimer. Estes dados revelam que a memória das mulheres se degrada mais rapidamente do que a dos homens, quando expostos aos mesmos níveis de stress continuado.

Uma das consequências do stress é o aumento dos níveis de cortisol, que ao se manterem elevados durante longos períodos de tempo causam danos efetivos nas zonas do cérebro responsáveis pelos pensamentos, as emoções, a fala e as funções musculares.


Alzheimer nas mulheres devia ter programa específico


Não existe em Portugal nenhum programa de saúde focado apenas no risco de Alzheimer nas mulheres. As mulheres e os homens têm acesso às mesmas políticas mesmo que as estatísticas sejam inegáveis: as mulheres correm mais riscos.

O facto de o Alzheimer ser mais frequente entre as mulheres levanta questões sócio-económicas relevantes, especialmente quando sabemos que em Portugal os cuidadores são maioritariamente do sexo feminino, com idades entre os 40 e os 70 anos. Sendo esta uma profissão de alto desgaste físico e emocional, com níveis constantes de stress, será que chegará uma altura em que existirão mais doentes com Alzheimer do que cuidadores?


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